Psicologia da mediunidade: do intrapsíquico ao psicossocial


RESUMO

O presente artigo propõe levantar alguns dos principais aspectos que caracterizaram a história das pesquisas científicas sobre o fenômeno da mediunidade, desde sua passagem por concepções que tendiam, inicialmente, a enfocar mais os aspectos intrapsíquicos da experiência mediúnica para concepções mais recentes, que procuram se valer de uma perspectiva psicossocial. Apresenta-se um breve histórico dos estudos pioneiros sobre a mediunidade, enfatizando a contribuição das pesquisas efetuadas por membros eminentes da Society for Psychical Research entre o século XIX e XX, cujo interesse centrava-se mais na verificação da hipótese da sobrevivência do que em elucidar a psicologia envolvida nos fenômenos mediúnicos, embora muitas de suas contribuições fossem significativas para uma elucidação da psicodinâmica e da psicopatologia da mediunidade. São os antropólogos e sociólogos que, mais recentemente, começam a devotar sua atenção aos fenômenos mediúnicos, oferecendo-lhes explicações mais sensíveis a uma leitura cultural e psicossocial. O trabalho iniciado por esses pesquisadores desencadeia mudança significativa na maneira de se estudar o fenômeno da mediunidade, antes compreendido apenas no nível de teorias psicopatológicas ou intrapsíquicas, que tendiam a apresentar-se de forma reducionista frente à complexidade de tais experiências. O artigo apresenta contribuições investigativas recentes no Brasil que, a partir de uma perspectiva psicossocial, visam compreender as lacunas que ainda cercam o estudo psicológico da mediunidade.

Palavras-chaves: Mediunidade, Intrapsíquico, Psicossocial, Pesquisa científica da mediunidade.