Museu da Crença, da Dúvida e da Cultura de Paz tem como objetivo não apenas apresentar a variedade de crenças e práticas religiosas/anômalas/paranormais presentes em nossa cultura, mas enfatizar a importância da convivência pacífica entre sistemas de crenças, levando a uma cultura de tolerância, e não fanatismo ou dogmatismo. O Museu abriga centenas de objetos, imagens e fotos relacionados a crenças. Há áreas dedicadas a objetos ligados a crenças e práticas religiosas bastante presentes do Brasil, como o Espiritismo (luvas de parafina, prancheta espírita, corneta espiritual…), da Umbanda (imagens de santos cultuados em terreiros, como Exus, Pomba-Giras, Omolus, Iemanjá, além de objetos utilizados em cerimonias), do Catolicismo (imagens representativas de alegados milagres). Outras áreas são dedicadas à mostra de objetos retirados de supostas casas-mal-assombradas que se teriam sido, misteriosamente, queimados, rasgados, entortados, levitado. Feitiços (sapo com a boca costurada), contrafeitiços, objetos que trariam sorte e evitariam o azar (ferraduras, carrancas e incensos), outros ligados ao vodu (bonecos espetados com agulhas) e a práticas esotéricas (como os pêndulos e a máquina Kirlian), dentre outros, representam o universo simbólico de crenças e práticas presentes em várias culturas. Uma seção é dedicada às lendas urbanas e a como as crenças religiosas e anômalas são representadas na arte cinematográfica e na música. Um espaço é dedicado à representação histórica e da polêmica científica em torno do estudo de crenças religiosas e paranormais, desde o surgimento do Magnetismo Animal, o estudo dos assim chamados grandes médiuns do século XIX e XX (como Daniel Dunglas Home e Eusapia Palladino), a hipnose na Medicina e na Psicologia, a constituição da Pesquisa Psíquica (Psychical Research) e da Parapsicologia. Há nichos dedicados a alegados médiuns e paranormais tanto do Brasil (como Chico Xavier, Luiz Antônio Gasparetto, Peixotinho, Arigó) como do exterior (como Eileen Garret e Uri Geller).


Estante 1: Encruzilhadas da Fé: Um Retrato do Sincretismo Brasileiro

Representa um extraordinário microcosmo da espiritualidade e da magia popular brasileira, um verdadeiro arsenal de “tecnologias da fé”. Ela não se limita a uma única religião, mas sim mapeia as encruzilhadas onde o catolicismo popular, as religiões de matriz africana (como Umbanda e Candomblé), o esoterismo europeu e o folclore sertanejo se encontram e se misturam.

Os objetos espirituais representados podem ser divididos em diferentes linhas de atuação, refletindo a complexidade do panteão sincrético brasileiro:

  1. A Linha da Proteção e da Lei Maior: Vemos aqui a presença de Orixás como Xangô, o senhor da justiça, simbolizado por seus malhetes (Oxés), e Oxóssi, o caçador que provê o conhecimento, representado pelo arco e flecha. A eles se somam os Pretos Velhos, objetoss da sabedoria, da paciência e da cura, cujos cachimbos são ferramentas para a defumação e a reza. Neste mesmo grupo de proteção, entram os amuletos populares como as figas e as carrancas, que defendem contra o mau-olhado e os maus espíritos, mostrando a fé do povo em seus objetos de poder.
  2. Os Guardiões e Executores Mágicos: Esta é a linha mais proeminente na coleção. Exu e Pombagira são as figuras centrais aqui. Eles não são vistos como o “diabo” cristão, mas como os Orixás guardiões dos caminhos, os mensageiros que transitam entre o mundo material e o espiritual. São os “obreiros” que executam os trabalhos mágicos mais diretos. Sua presença é marcada por seus tridentes, pelas cores vermelho e preto, pelas chaves que abrem e fecham caminhos, pelas estatuetas e, principalmente, pelos objetos de rituais mais densos, como os caixões em miniatura e os bonecos de vodu, que demonstram seu poder de influenciar a realidade de forma incisiva, seja para o bem (abrindo caminhos) ou para o mal (fechando-os).
  3. A Magia Popular e o Cotidiano: A coleção também revela como a espiritualidade se entrelaça com as necessidades do dia a dia. Isso fica evidente nos “pós de mironga” (Abre Caminho, Chama Dinheiro, Quebra Demanda), que funcionam como uma farmácia espiritual para os problemas mundanos. Os ex-votos de cera, por sua vez, representam a troca e a gratidão por curas, uma ponte direta entre a fé católica popular e o universo ritualístico.

Em suma, a temática geral é a da manipulação do sagrado. A coleção é um testemunho de como os brasileiros, ao longo de séculos, desenvolveram um complexo sistema para negociar com o mundo invisível. É uma exposição sobre poder, proteção, vingança, amor e cura, mostrando as ferramentas utilizadas pelos objetos espirituais para intervir diretamente na vida humana.


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Estante 2: Instrumentos do Oculto e as Tecnologias da Alma

Esta coleção reúne um conjunto de ferramentas, aparelhos e instrumentos utilizados em diversas práticas esotéricas, de adivinhação e de investigação paranormal. Ela abrange desde artefatos tradicionais, como pêndulos e varas de radiestesia, até dispositivos pseudocientíficos mais modernos, como a máquina de fotografia Kirlian, o medidor de campo eletromagnético e os aparelhos de radiônica. O fio condutor da coleção é a tentativa humana de medir, detectar, contatar ou manipular energias, auras, espíritos ou forças que estão além da percepção sensorial comum. É um acervo que demonstra a busca por uma legitimação técnica e metodológica de fenômenos espirituais e paranormais.

Apresentação da Coleção

“Como medir o que não se pode ver? Como dialogar com o invisível? Esta coleção, Instrumentos do Oculto e as Tecnologias da Alma, convida o visitante a uma jornada pela fascinante história das ferramentas criadas para perscrutar os limites da nossa realidade.

Aqui, a busca pelo conhecimento esotérico abandona o campo puramente místico e assume uma roupagem técnica e científica. Da simplicidade de um pêndulo que responde a perguntas silenciosas à complexidade de uma máquina de radiônica que promete diagnósticos à distância, cada objeto conta a história de uma tentativa de mapear o imensurável. Veja de perto os aparelhos que pretendem fotografar a aura humana, os medidores que caçam fantasmas através de flutuações eletromagnéticas e as varas que se dobram na presença de energias ocultas.

Sejam eles portais genuínos para outras dimensões ou engenhosos espelhos da nossa própria psique, estes instrumentos são testemunhas da incansável curiosidade humana e da nossa eterna busca por respostas que se encontram no limiar entre a ciência e a crença.”

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Estante 3: Imaginário Assombrado e a Cultura Pop

Esta coleção explora a poderosa e complexa relação entre o paranormal e a cultura de massa. Em vez de focar nas ferramentas de prática, este acervo analisa como as crenças, os medos e as curiosidades sobre o sobrenatural são representados, consumidos e transformados em narrativas populares. Através de discos de vinil, brinquedos, jogos de tabuleiro e pôsteres de cinema, a coleção examina como a indústria do entretenimento molda nosso imaginário coletivo sobre fantasmas, demônios e poderes psíquicos. Os itens demonstram como lendas urbanas (como a da boneca da Xuxa) nascem da intersecção entre a mídia e o pânico moral, e como a ficção (como Ghostbusters e Carrie) se torna a principal referência para a compreensão popular de fenômenos inexplicáveis.

Apresentação da Coleção

“O que acontece quando os fantasmas saem das casas mal-assombradas e invadem a nossa sala de estar pela televisão? O que acontece quando o demônio não está em um grimório antigo, mas no sulco de um disco de vinil? Esta coleção, Imaginário Assombrado e a Cultura Pop, investiga como o sobrenatural se tornou um dos maiores protagonistas da cultura do século XX e XXI.

Viaje de volta a uma época em que o Brasil parou para escutar mensagens ocultas na música da “Rainha dos Baixinhos” e temeu que seus brinquedos pudessem ganhar vida. Veja como Hollywood não apenas nos contou histórias de fantasmas, mas nos ensinou a “caçá-los”, definindo a estética e os métodos de uma subcultura inteira com o fenômeno Ghostbusters. Descubra como os poderes da mente e os terrores da adolescência foram imortalizados no cinema com Carrie.

Esta coleção revela que, hoje, o paranormal não habita apenas castelos distantes, mas vive perto de nós: em nossos filmes, jogos, músicas e memórias. São os monstros e mitos que nós mesmos criamos, consumimos e, por vezes, tememos.”

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